Xirê é uma estrutura sequencial de cantigas para todos os orixás cultuados na casa ou mesmo pela “nação”, começando por Exú e indo até Oxalá.

A palavra xirê significa brincar, dançar, e denota o tom alegre da festa de candomblé, aonde os próprios orixás vêm a terras para dançar e brincar com seus filhos.

Durante o xirê, um a um, todos os orixás são saudados e louvados com cantigas e coreografias próprias.

É nesses momentos, de grande efervescência ritual, que as divindades “baixam”.

OS ORIXÁS NO XIRÊ :

*Na MAIORIA dos candomblés o xirê segue a seguinte ordem:
Primeiro toca-se para Exú, no padê
(porque ele é o intermediário entre os homens e os orixás, entre o mundo do além e o da terra);

Depois, para Ogum
(porque é o dono dos caminhos e dos metais e sem ele e suas invenções da faca e da enxada o sacrifício aos orixás e o trabalho na terra estariam impedidos);

Oxossi
(porque é irmão de Ogum e porque também está ligado à sobrevivência através da caça e da pesca);

Obaluayê
(porque é o orixá da cura das doenças, ou aquele que as traz);

Ossaim
(dono das folhas que curam; daí sua ligação com Obaluayê e também porque nada se faz sem folhas no candomblé);

Oxumarê
(aquele que faz a ligação entre o céu (nuvens) e a terra);

Oxum
(esposa favorita de Xangô, senhora das águas doces, do amor e do ouro);

Logum-nedé (o filho de Oxum, com Oxossi);

Iansã
(senhora dos ventos e tempestades que no mito criou Logum-Nedé, juntamente com Ogum, quando Oxum o abandonou);

Xango;
(orixá da justiça)

Obá
(em muitas casas como irmã de Iansã e a terceira mulher de Xangô);

Nanã
(a mais velha das yabás-orixá femininos);

Yemanjá
(senhora das águas do mar. Dona das cabeças e mulher de Oxalá);

Oxalá
(o senhor de toda a criação).

Algumas casas, entretanto, seguem outra ordem: Exú é louvado antes do começo da festa, geralmente às 6 horas da tarde, sendo “despachado”.

Quando começa a festa toca-se para Ogum, Oxosse, Ossaim (porque são irmãos); Obaluayê, Oxumarê, Ewá e Nanã (três irmãos e sua mãe respectivamente, tidos como uma “família” da nação Gegê); Oxum e Logum-Nedé (mãe e filho); Iansã e Obá (duas irmãs); Xangô, Yemanjá e por fim Oxalá (filhos e seus pais respectivamente).

ESSA SEQUÊNCIA:

Essa sequência parece privilegiar os vínculos de parentescos e de nação, enquanto que a primeira privilegia os acontecimentos míticos que colocam em relação os orixás.
Seja qual for sua sequência e sua concepção cosmológica, ela costuma ser fixa para cada casa.

É ela que, de alguma forma, norteia os acontecimentos da festa, fazendo, entre outras coisas, com que os filhos identifiquem, através das cantigas e ritmos, os momentos apropriados ao cumprimento da etiqueta religiosa, como, por exemplo, dançar de certa maneira ou pedir a benção à mãe-criadeira, quando se toca para o orixá.

FONTE : TVR USM